quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A palavra e a luz

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Uma exposição (Ma- A Dança dos Pirilampos) do artista plástico Pedro Morais, que já foi professor (e também aluno) da escola, e está patente na Galeria Chiado 8 (e recomendo), transportou-me até à minha infância através de um inseto e do seu nome, palavra que na altura adorava e hoje também. A palavra e o inseto.
Diz o dicionário que o pirilampo é um besouro de uma família especial, pois é capaz de produzir luminescência. São bioluminescentes e o seu nome deriva do grego pyris que significa fogo, mais lampis, que significa luz.
São uma espécie de dois em um, ou então uma redundância, dependendo do nosso ponto de vista. Se tivermos em conta que fogo é luz, sendo que o contrário já não é obrigatoriamente verdade.
Mas a "viagem" não terminou aqui, porque me transportou até ao conto "O Lampejo" de Italo Calvino que li aos meus alunos no início do ano e onde se conta a história de um homem que um dia, subitamente, viu toda a realidade sem máscara, com o absurdo que normalmente se esconde, mas quando quis comunicá-lo às pessoas à sua volta, o "lampejo" ou o olhar iluminado desapareceu e apenas restou a nostalgia de um momento de lucidez e o desejo de que um dia voltasse.
Este "acender" do olhar especial foi tão fugaz como o é o brilho dos pirilampos que na minha infância gostava de observar e que atualmente cada vez menos encontro. Recordo-me de os ter visto há cerca de três anos, no Gerês, mas vão sendo raros os pirilampos. Como o seu brilho.Felizmente, o mesmo não me acontece com os lampejos, cada vez mais frequentes. Graças ao S. Pirilampo.

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