domingo, 16 de junho de 2013

Páginas do diário da Inês Duarte

Já repararam que quando se diz uma palavra muitas vezes seguidas, ela perde o seu significado? Torna-se estranha e engraçada ao mesmo tempo! Querem ver? Repitam isto em voz alta: tigela,tigela, tigela, tigela, tigela, tigela tigela, tigela, tigela,tigela, tigela, tigela, tigela, tigela tigela, tigela, tigela,tigela, tigela, tigela, tigela, tigela tigela, tigela, tigela,tigela, tigela, tigela, tigela, tigela tigela, tigela...
Até a escrever fica engraçado. Aquele conjunto de sons e riscos (no caso da escrita) já não parece tão familiar. Afinal o que é uma tigela? Já não sei! Porque se chama tigela? Não faço a mínima ideia mas é uma palavra divertida.



O Natal já passou e agora vem aí o Ano Novo.
A melancolia do fim das férias já se instalou.
Não há nada para fazer e no entanto falta fazer muita coisa.
Normalmente, nestes dias de intervalo entre festividades fazemos arrumações e limpezas.
Passo os dias em casa e só saio se for estritamente necessário.
Nas férias gosto de ser bicho do mato.
Faço um intervalo do resto do mundo e fico no meu canto sossegada e aconchegada.
Para mim não há nada melhor que isso.
Depois, quando acabarem as férias, voltarei à sociedade.



Matamos todas as lagartas
E queixamo-nos de não haver
Borboletas

Cortamos todas as árvores
E queixamo-nos de não haver
Florestas



À procura de inspiração suficiente
Para escrever um texto minimamente decente
Sentada dentro da minha cama
À espera que o sono venha

Com o meu gato a dormir
E a lâmpada do candeeiro a luzir
Escrevo versos que rimam
Que da minha cabeça saíram

Estarão bem?
Estarão mal?
Ou vou ter de os repetir?



Nem tudo o que brilha é ouro.
Nem tudo o que tem asas voa.
Nem tudo o que tem escamas nada.
Nem tudo o que tem pernas anda.
Nem tudo o que é bom é branco.
Nem tudo o que é mau é preto.
Nem tudo o que é escuro é noite.
Nem tudo o que é claro é dia.
Nem tudo o que tem folhas é árvore.
Nem tudo o que tem rochas é montanha.
Nem tudo o que tem areia é deserto.
Nem tudo o que tem água é mar.
Nem tudo é o que parece.
Nem tudo deixa de parecer.



Era uma vez
Um tsuru que a Inês fez.
Foi feito no 6º ano
A partir de uma folha azul.

O pobre tsuru nunca
Aprendeu a voar
O máximo que conseguia
Era ser arrastado pelas correntes de ar.

E agora o pobre pássaro
Vive espalmado entre livros
Para a sua autora
O poder conservar.



"Um Pedaço de Sorte"
Um pedaço de sorte
Para o dia correr bem
Tens que ser forte
E aceitar aquilo que vem.



Nise é um pássaro
Que vive no Mónaco.
As cores do seu casaco
Têm um tom muito raro.

É um pássaro mudo,
Nunca ninguém o ouviu.
Esta espécie é independente
E não é vista por muita gente.

Gostam de estar sossegados
Por isso passam maior parte do tempo
Nos ramos das árvores, empoleirados.



"Como Fazer um Romance Naturalista"
-400gr de realismo
-450gr de ciência
-300gr de observação
-250gr de problemas sociais
300gr de análise

Junte os problemas sociais com a ciência e misture durante meia hora. depois de obter uma massa consistente adicione o realismo e mexa. Vá juntando aos poucos a análise e a observação ao preparado.
Ponha a massa numa forma quadrada ou rectangular e coloque-a no forno a 18º durante uma hora.
Quando retirar o Naturalismo do forno, faça cortes horizontais, sem atingir um dos lados.
Bom apetite!



Estoicismo- Olhar a realidade como ela é, sem se deixar abater por ela.
Pode-se dizer que as pessoas (nós) deviam ser "estóicas". Encarar os nossos problemas sem nos assustarmos com o mundo lá fora.
Dizer: "Aconteceu isto, então vou ver o que posso fazer para solucionar a situação".
Arranjar forma de o mundo não parecer tão escuro; pegar num pincel arco-íris e pintar o ar.
E assim resolvemos os nossos problemas.



Cesário Verde é um poeta
Que tudo descreve
Através de uma luneta,
E com uma visão clara com neve.

A noite é escura,
Os passeios estreitos.
O tempo não cura,
Todos os defeitos.



Estamos sempre fora do nosso tempo e ao mesmo tempo somos actuais.
Somos todos diferentes e somos todos iguais.
É o que nos torna humanos e/ ou racionais.
Somos sujeitos simples, compostos, nulos, introdutórios, desenvolvidos, concluídos, classicistas, românticos, dramáticos, personagens tipo, planas, modeladas, estáticas, estóicos, realistas, naturalistas, heterónimas e anacrónicas.

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