“... cheias de mulheres que vestem por
igual.”
Desço aquela escadaria sem fim do
costume, entro na carruagem, e fico com a sensação que mil e um olhares
têm as objetivas focadas em mim. As caras quase inanimadas revelam a
exaustão de mais um dia.
Saí na minha estação, e um mar de
gente apoderou-se do chão branco que existia, apoderado por aquelas cores escuras
e sombrias das vestes.
Uma jovem trazia um casaco com cores
chamativas; por onde quer que passasse, os olhares curiosos seguiam-na, como se
fosse censurada em tempo de ditadura.
A meu lado estava uma criança com a
pele delicada e de barriga cheia que se levanta de uma forma teatral dizendo:
“- As mulheres vestem por igual”.
Joana Rodrigues
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